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El Alamein e Stalingrado - triunfos nacionais?


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Novos estudos abordam as batalhas de El Alamein e de Stalingrado por uma nova perspectiva, contestando as versões estabelecidas há décadas pela historiografia.

Indiscutivelmente, El Alamein e Stalingrado foram batalhas que marcaram a inversão da maré da guerra para os Aliados no norte da África e na Rússia, respectivamente. Todavia, no pós-guerra, elas foram apresentadas pela historiografia do Reino Unido e da União Soviética como triunfos quase exclusivos das suas Forças Armadas (no caso britânico, do Commonwealth).

Tantos os líderes britânicos quanto os norte-americanos minimizaram a importância do sistema de apoio logístico baseado no complexo industrial norte-americano. Como haveria de se esperar, os historiadores seguiram no mesmo barco desde The Desert Generals, de Correlli Barnett (1960), até o The Battle of Alamein, Turning Point of World War II, de John Bierman e Colin Smith (2002), e o Alamein, de Jon Latimer (2002).

Se tal omissão aconteceu pelas mãos dos fiéis aliados ingleses, com os russos ela não foi menor. Após o início da Guerra Fria, o programa de Lend-Lease tornou-se um capítulo esquecido na história soviética. Algumas raras menções aludem, convenientemente, à inferioridade dos meios providos pelo Ocidente em relação aos modelos soviéticos. O relato de uma autoridade russa afirmou que a ajuda dos Aliados representou apenas 4% da produção nacional em toda a guerra — muito pouco para influenciar o resultado das batalhas decisivas em Moscou e Stalingrado. Sem meios para refutar esse cálculo, os autores ocidentais geralmente concordaram com a avaliação.

Entretanto, após o colapso da União Soviética em 1989, vários documentos ficaram acessíveis à consulta dos pesquisadores — embora a maioria continue classificada como “secreta” nos arquivos governamentais. A documentação disponibilizada foi suficiente para reavaliar a “história oficial”, mostrando a importância do material bélico enviado aos russos para o êxito da defesa de Moscou.

Com relação a El Alamein, um recente estudo de Andrew Buchanan (A Friend Indeed?) redimensiona a influência do armamento norte-americano (em especial, blindados, artilharia autopropulsada, aviões e munição) enviados ao VIII Exército britânico. Os blindados Sherman, por exemplo, que compuseram o “Corpo de Elite” de Montgomery, garantiram a vitória inglesa sobre o Afrikakorps em El Alamein. Indiscutivelmente, o programa de Lend-Lease forneceu parte substancial dos meios para que Montgomery derrotasse Rommel no Egito, ao final de 1942.

No front russo, quando os alemães chegaram a Stalingrado, em agosto de 1942, a Ucrânia e a maior parte do complexo industrial russo estavam nas mãos dos alemães. É bem provável que a dependência soviética dos suprimentos Aliados tenha sido ainda maior que a vista em Moscou. Embora tais estudos invoquem o profundo conhecimento do mecanismo logístico para o sucesso das operações militares — algo pouco íntimo da maioria dos historiadores —, não resta dúvida de que futuros estudos poderão sacudir a narrativa dos triunfos ingleses e russos em 1942/1943.

De qualquer forma, há uma semelhança entre estas duas grandes batalhas. A chegada dos suprimentos Aliados, tanto nas areias do deserto africano quanto nas estepes russas, dependeu do sucesso do trabalho de um comandante militar: o Almirante Jonas H. Ingram, Comandante da Força do Atlântico Sul.

Almirante Jonas H. Ingram, Comandante da Força do Atântico Sul

Logo após o término da guerra, o historiador Charles Nowell profetizou que os futuros historiadores concentrariam seus esforços para narrar os grandes combates. Contudo, os verdadeiros mestres da estratégia global perceberiam a importância do Atlântico Sul durante o período nevrálgico do conflito, reconhecendo o valor dos homens que ali deram “o melhor de si em prol dos colegas que defenderam Stalingrado, venceram em El Alamein, tomaram Guadalcanal e cruzaram o Canal da Mancha”.

Estava coberto de razão.

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Fontes:

- A Friend Indeed? From Tobruk to El Alamein: The American Contribution to Victory in the Desert - Andrew Buchanan

- Did Russia Really Go It Alone? How Lend-Lease Helped the Soviets Defeat the Germans – artigo de Alexander Hill

- Russia's Life-Saver: Lend-Lease Aid to the U.S.S.R. in World War II – artigo de Michael Parrish

- United States Naval Administration in World War II, Commander South Atlantic Force, Commander-in-Chief, Atlantic Fleet, Vol XI, CXLVI - Charles Nowell

Links:

http://www.historynet.com/did-russia-really-go-it-alone-how-lend-lease-helped-the-soviets-defeat-the-germans.htm

http://www.historynet.com/russias-life-saver-lend-lease-aid-to-the-ussr-in-world-war-ii-book-review.htm

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