Uma nova história
Inimigo de ocasião - O líder estudantil Márcio Rollemberg Leite, militante do PCB, em entrevista ao Diário Carioca. (Fonte:Diário Carioca, Biblioteca Nacional, 22/08/42)
Próximo ao aniversário de 70 anos do final da Segunda Grande Guerra, uma nova história do conflito vem sendo reescrita com franqueza e honestidade, trazendo informações constrangedoras para governos, países e pessoas envolvidas no conflito.
Em seu mais recente livro, The Storm of War, o notável historiador britânico Andrew Roberts oferece algumas revelações impactantes. Uma delas diz respeito à amizade entre comunistas e nazistas.
Andrew revela que embora os alemães tenham entrado triunfalmente em Paris, em 14 de junho de 1940, o primeiro invasor nazista só foi morto pela resistência, organizada por militantes comunistas, em junho de 1941 – ou seja, logo depois de as tropas de Hitler invadirem a União Soviética (22 Jun1941). Até então, comunistas e nazistas tinham um pacto de não-agressão e eram bons amigos, partilhando entre si, inclusive, alguns territórios da Europa Oriental. [1]
No Brasil, o quadro não foi muito diferente. A reação estudantil contra o Eixo só teve início quando os comunistas uniram-se aos democratas, após a invasão da União Soviética pela Alemanha.
Ardiloso, Getúlio Vargas enxergou uma oportunidade para usar o movimento estudantil a seu favor. Em 1942, Vargas substituiu Filinto Müller, o Chefe de Polícia da capital — e notório anticomunista — e passou a autorizar as passeatas dos estudantes pedindo a declaração de guerra.
Seus planos foram coroados de êxito. Logo o Brasil entraria de vez no conflito, o ditador cancelaria as eleições marcadas para o ano seguinte, e permaneceria no poder enquanto durasse a guerra.
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[1] Roberts, Andrew. The Storm of War: A New History of the Second World War