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Quarta-feira de cinzas

Fantasma do pesadelo Aliado - Soldado do Afrika Korps preparado para o combate no deserto - (Bundesarchiv)

O dia primeiro de julho de 1942, uma quarta-feira, ficou conhecido como a “quarta-feira de cinzas”.

Nesse dia, a população do Cairo podia enxergar nos céus uma coluna de fumaça que fazia chover cinzas e restos de papéis chamuscados sobre a cidade. A embaixada e o quartel-general britânico queimavam pilhas de documentos, mapas e papéis sigilosos dos arquivos. Os ingleses evacuaram a frota do Mediterrâneo para o sul do Canal de Suez, enquanto suas equipes de destruição estavam prontas para mandar pelos ares as instalações do Porto de Alexandria. O Delta do Nilo estava prestes a ser inundado. Qual o motivo do desespero? Rommel estava chegando.

No final do mês anterior, os britânicos (incluindo tropas coloniais e dos países do Commonwealth) renderam-se ao Afrika Korps de Rommel em Tobruk, num dos maiores fracassos Aliados durante a guerra. Frente a um inimigo numericamente inferior, 30.000 soldados depuseram as armas, dando ao inimigo cerca de 2.000 veículos, 2.000 litros de combustível e 5.000 toneladas de rações. O nome do general alemão − logo promovido a Marechal-de-Campo por Hitler − tornou-se uma lenda.

Alexandria estava a apenas 66 milhas do front e o cobiçado Canal de Suez a poucas horas de deslocamento. Mussolini pretendia superar o gesto de Hitler, que desfilou em Paris junto à Torre Eifel. O espalhafatoso ditador queria mais. O Duce chegou à Líbia pilotando seu avião (assista o vídeo), disposto a entrar no Cairo cavalgando um majestoso cavalo branco: o triunfo do Fascismo.

Todavia, os combates posteriores foram desfavoráveis ao Afrika Korps.

Os entreveros do final de junho e do começo de julho exauriram materialmente os contendores, que passaram a necessitar urgentemente de reforços. Nesse quesito, o Eixo levava ampla vantagem. Alemães e italianos recebiam suprimentos que precisavam atravessar as poucas centenas de milhas que a separam a Itália do continente africano sobre o Mar Mediterrâneo. Para chegar aos ingleses, os comboios oriundos dos EUA e da Inglaterra tinham de atravessar o Oceano Índico e o Oceano Atlântico, fazendo uma longa e perigosa jornada pelo estreito intercontinental entre o Brasil e a África.

Venceria a guerra no deserto o exército que demonstrasse a maior capacidade logística para abastecer, armar e municiar os seus soldados. Com a Batalha do Atlântico sendo vencida pelo Eixo, as pretensões Aliadas passaram a depender ainda mais do Brasil − que teimosamente mantinha-se neutro no conflito. Contudo, logo esse panorama iria mudar.

Afrika Korps soldier
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